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"A maior alegria da minha vida, para lavar a minha alma, vai ser o dia que eu pagar esse pessoal. Eu não desisti de pagar esse pessoal. Coitados, infelizmente, eu fui moleque mesmo. Fui criança. Fui infantil de fazer um negócio a torto e a direita. Eles têm toda a razão", disse o pastor.

O g1 entrou em contato com a defesa do pastor, por e-mail às 10h38 desta segunda-feira (14), mas não obteve retorno até a ultima atualização desta reportagem.

Conforme a apuração da Polícia Civil, em 2018, cerca de 10 moradores prestaram queixa formal em Goianésia, mas a investigação aponta que foram pelo menos 30 vítimas na região. O delegado afirma que uma pessoa sozinha teve prejuízo de R$ 1,5 milhão.

A polícia informou que Osório e outro pastor que também foi preso alegavam que haviam ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisavam reunir fundos para conseguir recebê-lo. Osório ficou preso por 30 dias e, segundo o delegado, ele se mudou para São Paulo após sair da prisão em 2018, ano em que se tornou réu no processo.

No vídeo, intitulado como "Eu tenho direito de resposta", o pastor criticou as denúncias feitas na reportagem do Fantástico, exibida no último domingo (13). O investigado alega que ele foi enganado por um homem que se apresenta como vítima.

"O pessoal lá de Goianésia é caso velho. Eu nunca disse pra ninguém que não vou acertar com eles. [...] Mas você, é bandido, [cita o nome da vítima]. Sem caráter. Eu vou provar na Justiça que você é bandido”, falou o pastor.

No vídeo, Osório desmentiu todas as afirmações da vítima, um empresário de São Paulo, e falou que assinou um contrato, que teria sido feito pelo homem, sem analisar o conteúdo. O contrato citado foi obtido pelo Fantástico e indicou que o pastor teria oferecido um retorno financeiro de R$ 2 quatrilhões, valor mais alto que a fortuna dos 10 mais ricos do mundo, segundo a Forbes.

O homem relatou que o valor total investido por ele na operação prometida por Osório ultrapassou R$ 300 mil, que foram depositados na conta do pastor. Osório nega e no vídeo fala recebeu por volta de R$ 200 mil em dois meses que eles trabalharam juntos. O pastor alega ainda que deu um carro e dinheiro para o empresário, como forma de quitar a dívida.

O empresário relatou que depois de muita cobrança, ele conseguiu receber de volta R$ 90 mil e mais um carro importado. Ele relatou que buscou o veículo em um escritório do pastor e que, ao voltar para casa, sofreu um grave acidente.

“Eu nunca quis receber um carro, eu queria o valor em dinheiro. Ai me disseram, ‘ou pega o veículo ou não pega nada’. Esse carro foi entregue na garagem de um escritório que prestava serviço para o Osório. Já tinha umas duas horas que eu tinha rodado com o carro. De repente, eu vejo soltar o eixo da roda traseira do meu lado que voou para a outra pista. O carro capotou. Ali eu vivi uma das piores experiências da minha vida”, relatou.

O empresário ficou seis meses sem conseguir andar. O promotor de Justiça Felipe Oltramari contou que o acidente aconteceu em “condições misteriosas”. “Ele acabou sofrendo um acidente condições pouco comuns. Dada a anormalidade dessa situação, tudo está a indicar que esse fato merece ser melhor apurado”, disse o promotor.

No vídeo, Osório José Lopes disse que o carro capotou em razão de excesso de velocidade.

Conforme mostrou o Fantástico, o pastor Osório dispara quase que diariamente vídeos para atrair novas vítimas, direto de um condomínio de luxo em São Paulo. Há cinco meses, a reportagem acompanhou as postagens nas redes sociais dele. O retorno financeiro de quem entrou no suposto investimento estaria próximo e o pastor fala sobre o pagamento aos credores.

“Já tem ordens de um governo mundial sobre esse regimento financeiro determinando datas para finalizar. Isso eu estou dizendo e eu posso cair morto nessa mesa”, prometeu em um dos vídeos.

Em outro vídeo divulgado nas redes sociais, o pastor explica de onde teria vindo toda a fortuna dele. “Em 2011, eu orei por um moço, um milionário do Brasil. Sabe o que é dinheiro? Não é um milhão, dois. É bilionário”, disse Osório.

O religioso relatou ainda que, em troca, teria recebido papéis que valeriam muito dinheiro. Que seriam a origem dos investimentos que tanto atraíam as vítimas.

“Um emblema do Banco Mundial com os timbres, com selos. Só que a maioria era escrito em inglês, a maioria filipino e a maioria da coreia do sul. E eu não entendia nada. Ele disse: ‘pastor, isso aqui é uma Letra do Tesouro Mundial. É dinheiro que o senhor nunca mais vai passar fome", falou a vítima.

Segundo o Banco Central e o Tesouro Nacional, a Letra do Tesouro Nacional é um título que não existe. O promotor de Justiça de São Paulo, Arthur Pinto de Lemos Junior informou que há práticas fraudulentas nos vídeos publicados pelo pastor.

"Através desses vídeos, está havendo a prática fraudulenta de se prometer um lucro absurdo com manobras financeiras que não são concretizadas", relatou.