Uma paciente da falsa enfermeira, Maria Silvânia Ribeiro da Silva, de 39 anos, que foi presa após procedimento que deixou homem impotente, chegou a ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ficou entubada após a aplicação de uma substância injetável, segundo a Polícia Civil. A suspeita deve responder por lesão corporal grave.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Débora Melo, as investigações começaram a partir da internação da paciente, que havia sido submetida a um procedimento de glúteo, na clínica Lunar Espaço de Estética Corporal, em Aparecida de Goiânia, em dezembro de 2023.
A delegada explicou que na época do ocorrido, a mulher foi levada até um Hospital Municipal, que informou a Vigilância Sanitária, e o órgão notificou a polícia.
"Era um preenchimento de glúteos, que deu errado de alguma forma, não sabemos se foi alguma contaminação no local. Aí ela foi parar na UTI, mas sobreviveu", contou a delegada Débora Melo.
Silvânia foi presa durante uma operação da Polícia Civil na quinta-feira (20). Em nota, a defesa da suspeita disse que irá se manifestar assim que a investigação for concluída.
Sobre a suspeita
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Silvânia chegou a se identificar como médica durante candidatura para vereadora, em Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais
Maria Silvânia Ribeiro da Silva foi candidata a vereadora em 2024. Ela concorreu por Aparecida de Goiânia e se declarou como médica ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com o nome de "Dra. Silvânia", a suspeita concorreu ao cargo pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). De acordo com informações do TSE, Maria Silvânia declarou que tem ensino superior completo, e sua ocupação é médica.
O g1 pediu uma nota ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e ao Tribunal Superior Eleitoral sobre como funciona a checagem dos dados declarados pelos candidatos, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Nas redes sociais, Silvânia divulgou sua candidatura. Em uma das publicações, a legenda dizia "pós-graduada em estética avançada e massoterapia". De acordo com a delegada Débora Melo, todos os diplomas e até um certificado de enfermagem da suspeita são falsos.
Segundo a delegada, após tomarem conhecimento do caso, os policiais e a Vigilância Sanitária de Aparecida de Goiânia foram até a clínica de Maria Silvânia, encontraram irregularidades e interditaram o local.
Na delegacia, a suspeita chegou a declarar que havia feito biomedicina on-line e uma pós-graduação com Luana Nadejda Jaime, de 45 anos. O g1 não conseguiu contato com a defesa da suspeita até a última atualização desta reportagem.
Uma investigação foi iniciada contra Luana, que se apresentava como enfermeira e também tinha uma clínica de estética. De acordo com a delegada, os policiais cumpriram buscas na clínica da mulher, em 2024, e encontraram diversas fotos de preenchimentos íntimos em celulares apreendidos, além de reclamações de pacientes.
No final de 2024, o homem que teve complicações após o preenchimento no órgão genital na clínica de Luana também denunciou o caso.
"Ela está foragida. O mandado de prisão está com a Interpol e temos notícias de que ela está na Europa, mas onde especificamente nós não sabemos", afirmou a delegada.
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Luana até a última atualização desta reportagem.
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Maria Silvânia e Luana Nadejda Jaime são investigadas pela Polícia Civil, em Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil