Em tempos de #fique.em.casa, uma listinha do que assistir sempre cai bem. Pois hoje trago filmes e séries conectados com os últimos fatos e notícias. Entretenimento que diverte, informa e bota a cabeça para refletir.
A maioria de nós sabe que o consumo de bebida alcoólica aumentou durante a pandemia pela quantidade de garrafas e latas que vão para o lixo. As pesquisas só confirmam o que a gente sente na pele – na cabeça e no dia seguinte. Uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) com 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe mostrou que 35% dos entrevistados relataram aumento no consumo "pesado episódico", o bom e velho porre.
É a civilização tentando equilibrar a necessidade de se descolar um pouco da realidade, a ressaca e, claro, os riscos de dependência. Pois para todos que estão neste grupo vale assistir ao filme Druk do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg. O filme conta a história de quatro professores que resolvem testar uma teoria maluca de que viver sob 0,05% de nível alcoólico (sempre) deixa a gente mais bem-humorado, extrovertido e apto a curtir a vida. Os problemas decorrentes do excesso de álcool estão todos lá também – sem spoiler. Onde assistir: dá para alugar no Now e no Youtube.
Cena do filme 'Druk: Mais uma Rodada', indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (22.abr.2021)
Foto: Divulgação
George Floyd, presente!
O mundo todo respirou aliviado com a condenação de Derek Chauvin, assassino de George Floyd. Ainda falta a sentença do juiz e, claro, enquanto humanidade, tem muito chão para podermos celebrar de verdade. É por causa desse longo caminho que ainda precisamos percorrer, que vale a pena assistir ao curta-metragem Dois Estranhos.
O filme de Martin Desmond Roe e Travon Free se baseia na história de Floyd e gera um turbilhão de emoções. Daqui em diante, contém spoiler. Nos 30 minutos de filme, um designer negro acorda todos os dias no mesmo dia (tipo dia da marmota). É a feliz manhã de um primeiro encontro com um futuro promissor. Só que, ao sair dali, ele é assassinado por um policial branco. O filme percorre as tentativas do protagonista de se manter vivo e assim, cutuca o racismo estrutural que segue assassinando pretos e pretas. Sim, é forte. Onde assistir: Netflix.
Homenagens no local onde Floyd foi morto
Foto: Matthew Hatcher/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
É pra rir ou pra chorar?
Medo, máscara, álcool gel, reuniões online, desigualdade social, hipocondria, muita chamada de vídeo, crise no casamento. Se você não se identificou com nenhuma dessas coisas, precisa nos contar em que planeta você vive, queremos todos habitá-lo. Para todos os outros temos 5X Comédia, a série.
A primeira ficção da Amazon Prime a ser lançada no Brasil traz cinco episódios independentes que mostram situações absolutamente pandêmicas. Tudo com muita sátira, crítica social e humor. É impossível não se reconhecer em algum dos episódios. Na atuação temos Gregório Duvivier, com um hipocondríaco igualzinho a alguém da sua família; Rafael Portugal, como um porteiro que é obrigado a trabalhar durante o lockdown e Martha Nowill como Claudia, uma trabalhadora que é demitida, e que está grávida de seu primeiro filho. Ela é uma dessas pessoas atingidas pela flexibilização das regras trabalhistas, sabe? O que chamamos hoje de "colaboradora", porque "funcionária" cria vínculo empregatício. Para mim, esse é o melhor episódio da série. Se chama Sexo Online, já que Claudia resolve virar cam girl – e arrasa no novo ofício.
Todos os episódios foram gravados durante a fase mais dura do isolamento e muitos dos atores que parecem estar numa mesma locação, na verdade encenaram cada um na sua casa. É a mágica do audiovisual em estado puro. No caso do Sexo Online, o episódio se passa todo dentro do apartamento da atriz, que contracena com Luiz Braga, seu marido (não ator, mas que está muito bem!). Onde assistir: Amazon Prime.
É real, e também é família!
Com a morte do Príncipe Philip, a família real britânica voltou ao noticiário. É sempre assim, quando alguém engravida, casa, é batizado, se divorcia ou morre, nossas atenções se voltam para o palácio de Buckingham. E para quem gosta de um bafafá real, nada melhor do que assistir a série The Crown, na qual entramos como uma mosquinha até no banheiro da Rainha Elizabeth II (amo essa cena).
Desde a guerra das Malvinas, passando por Winston Churchill e Margaret Thatcher, até o rei que troca o trono por um grande amor e a relação praticamente a três de Charles, Diana e Camila Parker, está tudo lá. Já assistiu às quatro temporadas existentes e está aguardando ansiosamente para quinta? Tem indicação para você também: The Story of Diana. Um documentário dividido em dois episódios com entrevistas e cenas que contam a vida todinha da princesa mais amada da realeza.
O irmão, amigos e historiadores contam desde o abandono da mãe, que foge com o amante, passando pelos detalhes da conturbada relação com Charles e claro, a perseguição insana dos paparazzi. Uma Diana ambiciosa, mas que também quer muito ser amada e acolhida, se revela para nós. Onde assistir: Netflix.
A estreante Emma Corrin se junta ao elenco como a princesa Diana
Foto: Des Willie / Netflix
O meio ambiente é feito do quê?
A Cúpula de Líderes sobre o Clima deu o que falar essa semana. Vimos todo tipo de politicagem em cima de algo que, muitas vezes, esquecemos até o que é. Clima é o que nos possibilita viver, respirar e comer. Clima é o que estava aqui muito antes de nós, humanos, chegarmos para (tentar) destruir tudo. E é aqui que eu quero chegar: natureza, biomas, ciclos, cadeias de animais que se consomem, se alimentam e se regulam. Algo que muitos governantes acham que podemos viver sem.
Ledo engano, nossa conexão com a Terra é muito mais forte do que pensamos e, se acabarmos com ela, acabaremos com a gente também. O papo pode parecer meio cabeça, mas a indicação é leve e linda. Gaste algum tempo assistindo a série Nosso Planeta e você vai ver a cabeça esvaziar ao mesmo tempo que se enche de esperança e imagens maravilhosas! É a típica série de animais com pinta de National Geographic, só que com drones e técnicas de filmagem do século XXI.
Muitos dos animais e das cenas contidas ali são únicos, nunca tinham sido captados antes. É muito mágico, difícil até dizer qual minha parte preferida. Meus filhos adoram o episódio "Mares costeiros", que traz águas translúcidas, tartarugas, arraias e golfinhos. Eu prefiro as selvas, e destaco a história do cogumelo que ao ser consumido por uma formiga, domina seu cérebro a leva, como um zumbi, a fazer o que ele quer. Onde assistir: Netflix.